domingo, 18 de abril de 2010


Jovens do chile são mais pilitizados que os brasileiros

índice que mede o grau de desenvolvimento humano, coloca o Chile como melhor nação da América Latina e Caribe. Dessa forma, o país do polêmico ditador Pinochet, dos vinhos que rivalizam com os franceses e da cordilheira dos Andes torna-se referência, quando precisamos saber se algo vai bem por aqui. O formando de Ciências Políticas da ULBRA, Sávio Menna Barreto, aproveitou a participação no XXI Congresso Mundial de Ciência Política, em Santiago, para pesquisar a opinião e participação dos adolescentes na vida política do Chile. De volta ao Brasil, usou as mesmas ferramentas de investigação em estudantes do Ensino Médio de Canoas e traçou um paralelo. O resultado aponta certa acomodação da juventude brasileira.

Para a pesquisa no Chile, Sávio visitou o Colégio Luterano Concórdia de Valparaíso, importante cidade litorânea à beira do Pacífico, onde está instalado o poder legislativo (Câmara e Senado Federal). Quarenta e nove jovens do Ensino Médio responderam questões sobre conhecimento, interesse, participação e perspectiva de futuro na política chilena. “Eles são estimulados a participar ativamente da história de seu país, pois a Ciência Política é disciplina que faz parte do currículo regular de todas as escolas”, comenta Sávio. Entretanto, por aqui a coisa ainda é um pouco diferente...

Isso porque Sávio aplicou a mesma pesquisa em 215 alunos de uma escola privada de ensino médio em Canoas. De acordo com ele, a desinformação e o descrédito nos governantes tornam o jovem brasileiro um “rebelde sem causa”, ou seja, acredita que existe algo errado, mas não sabe bem o que é. Em vez de procurar informação, ele prefere apenas se “rebelar”. “Os brasileiros que pesquisei demonstram interesse pela política, mas ao mesmo tempo apresentam certa acomodação na hora de se posicionar. Já o chileno não tem tanto interesse, mas acredita que só com a participação poderá construir um país melhor”, comenta. De acordo com Sávio, o chileno se diz satisfeito com a política e a democracia, além de ter mais esperanças no futuro do país.

JEITINHO BRASILEIRO - Para o formando da ULBRA, a acomodação do Brasileiro pode ser exemplificada, através da baíxissíma procura por iniciativas de educação política, como o estágio “Visita de Curta Duração”, oferecido pela Câmara dos Deputados. “O RS é o Estado que menos envia estudantes para o curso. Para ir, basta se candidatar por meio do gabinete de qualquer deputado federal gaúcho”, explica Sávio. No estágio Visita, os jovens vão a Brasília com despesas pagas para conhecer a estrutura da Câmara e do Senado, saber como funciona o regimento, como se elabora um projeto e o que obstrui uma votação, entre outras características do dia a dia do legislativo. Ele mesmo participou e disse que a experiência é muito importante na formação da consciência política do jovem. O curso tem duração de uma semana.

Sávio analisa a possibilidade de ampliar a sua pesquisa, por meio de um mestrado. Para ele, a confiança do jovem e do brasileiro na política está atrelada à educação com bases mais sólidas. “A juventude aprende desde cedo que vivemos no país do jeitinho, que nada mais é do que a corrupção atenuada. Temos que acabar com a filosofia do rouba mas faz”, afirma. A dúvida é saber quem vai dar o primeiro passo na busca pela educação de mais qualidade no Brasil. O povo participando e exigindo ou o político saindo da zona de conforto e trabalhando por essa mudança? Algumas aulas com o Chile poderiam ajudar...

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